Psiquiatria - Perguntas respondidas
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Boa tarde. Gostaria de saber também a idade de sua filha. Você descreve uma rotina diária intensa e nos momentos de maior fragilidade de sua filha, esta rotina ameaça ser quebrada, o que para ela significa estar mais com você. Primeiro deve ser pesquisado se há algum fator orgânico que esteja deixando a sua filha doente. Afastada qualquer hipótese mais comprometedora, tentar, com a ajuda de um profissional em saúde mental, verificar o que está havendo com a sua filha, evitando-lhe buscar alívio de um sofrimento, por meio de outro.
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Estar com a filha doente é, realmente, uma situação preocupante, principalmente se for um problema de alguma gravidade.
 
Numa sociedade diferente da nossa, talvez você tivesse disponibilidade para ficar com ela o tempo inteiro e isto a deixasse mais relaxada. Da forma como funciona nossa sociedade, atualmente, você não consegue estar ao lado de seus filhos o tempo inteiro e, pelo visto, além de seu trabalho, você ainda vai à faculdade.
 
Você tem perante si algumas opções: manter suas atividades e aprender a enfrentar sua ansiedade; manter uma das atividades; ou, como você mesma disse, sair de todas as atividades que não sejam a de cuidar de sua filha.
 
O fato de você perder o apetite e não conseguir dormir, também, sugere que seja uma pessoa especialmente ansiosa. Esta ansiedade pode estar na faixa normal ou ser parte de um transtorno mais grave ou mesmo de uma depressão.
 
Sugiro que procure um(a) psiquiatra para diagnosticar se você tem algum problema mais grave, que necessite, eventualmente, de medicações. Se ele(a) constatar que não há, você pode fazer uma psicoterapia, com psiquiatra experiente nesta área ou psicólogo clínico, de modo que a ajude a resolver seus conflitos (entre as diversas opções) e possa diminuir sua ansiedade e os problemas que ela causa.
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O consumo de álcool pode levar ao alívio momentâneo dos sintomas de depressão ou ansiedade e este é um dos possíveis motivos pelos quais pessoas com depressão têm uma maior tendência a abusar de álcool.
 
Se você já teve depressão, é importante que procure um psiquiatra para uma avaliação, para verificar se não teve uma recidiva. Deve tomar cuidado pois, apesar de a bebida proporcionar um alívio momentâneo, a médio prazo ela pode piorar a depressão.
 
Quanto às dificuldades de relacionamento com marido e filhos podem ter várias origens, desde restos de depressão até desentendimentos que se tenham acumulado ao longo de anos e não se tenham resolvido. Um psiquiatra saberá avaliar a situação e, se for o caso, indicar uma psicoterapia, de modo que você possa melhorar também seus relacionamentos.
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Insônia e tristeza podem ocorrer numa série de contextos, desde situações normais, em que a pessoa está enfrentando problemas em sua vida, até quadros de depressão.
Frequentemente (mas nem sempre), na depressão a pessoa não identifica motivos para se sentir triste e, apesar disto, sente uma tristeza ou um desânimo prolongados, profundos, a maior parte do tempo. Associado a este humor, costuma apresentar insônia ou excesso de sono, falta ou excesso de apetite, diminuição do desejo sexual, dificuldades de concentração, predominância de ideias tristes (pessimismo excessivo, ideias de culpa ou fracasso ou, simplesmente, uma grande quantidade de lembranças tristes de sua vida); pode ocorrer lentidão dos pensamentos e mesmo dos movimentos; frequentemente, a pessoa perde o prazer em fazer atividades de que antes gostava. Em casos mais graves, chega a pensar que seria melhor morrer ou mesmo matar-se.
É importante que procure um(a) psiquiatra para poder avaliar se seu caso é de uma simples tristeza ou de uma depressão, que requer tratamento.
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O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) caracteriza-se por um período de vários meses (em geral, por volta de 6 meses são necessários para se ter certeza do diagnóstico) em que a pessoa passa exageradamente preocupada, com sensação subjetiva de ansiedade ou angústia, associado a sintomas como insônia, tremores, palpitações, tensão muscular, tonturas, vista turva, eventuais episódios de distúrbio gastrintestinal como diarreia, sudorese excessiva, sensação de falta de ar. Estes distúrbios não precisam aparecer todos ao mesmo tempo, porém se requer que pelo menos vários deles estejam presentes a maior parte do tempo e interfiram nas atividades ou na qualidade de vida da pessoa.
 
O TAG pode ser tratado com medicações (em primeiro plano, os inibidores seletivos de recaptação de serotonina, mas também outros antidepressivos, a buspirona e drogas alternativas como a gabapentina - um antiepilético - e a hidroxizina - um antialérgico).
 
Além disto, frequentemente convém associar uma psicoterapia.
 
Em princípio, todo psiquiatra competente deve saber tratar o TAG, que é um transtorno bastante frequente.
 
Por vezes, o TAG se associa a outros transtornos de ansiedade, como pânico e fobias. Às vezes, sintomas de TAG podem preceder um quadro de depressão.
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Pessoas muito aceleradas podem estar ou ser assim devido a vários tipos de problemas diferentes e qualquer diagnóstico SOMENTE pode ser feito avaliando a pessoa numa ou mais consultas. Por vezes, inclusive, é necessário entrevistar a família.
Entre algumas possíveis causas estão:
a) ansiedade - pessoas ansiosas frequentemente se atropelam ao falar e sentem necessidade de expor suas ideias e desejos de modo rápido, assim como são impacientes em obter resultados;
b) transtorno de hiperatividade/déficit de atenção - um problema que ocorre numa frequência de cerca de 5 a 10% das crianças e envolve dificuldades de prestar atenção em atividades que não sejam especialmente estimulantes, inquietação, modo de se expressar superficial e sem detalhes (muitas vezes, a pessoa inicia uma fala e "pula" para o final do raciocínio, como se esperasse que o outro vai adivinhar o que vem no meio), hábito de interromper os outros, excesso de fala; além disto, a criança tende a iniciar uma atividade e passar para outra, antes de terminá-la e a ser distraída, frequentemente perdendo objetos ou se esquecendo de realizar tarefas;
c) fase maníaca do transtorno bipolar - apesar de mais rara, em crianças, caracteriza-se por euforia e/ou aceleração, eventualmente irritabilidade; tendência a falar demais; diminuição da necessidade de sono; dificuldades de manter a atenção; tendência a interromper atividades e a passar rapidamente de uma atividade para a outra.
É absolutamente necessário consultar um psiquiatra para estabelecer o diagnóstico.