Psiquiatria - Perguntas respondidas
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A depressão é um problema que envolve alterações químicas complexas, no cérebro. Por outro lado, ela pode ser desencadeada e mantida por fatores externos, tais como problemas de relacionamento, tragédias pessoais, os mais diversos tipos de estresse e mesmo algumas doenças físicas ou cirurgias.
O profissional que diagnostica depressão melhor é o psiquiatra. Para tanto, ele conversará com você e confirmará, em primeiro lugar, se é realmente uma depressão que você tem. Isto, porque existem quadros semelhantes à depressão, mas que não requerem tratamento com remédios. São exemplos situações de luto por morte de indivíduos queridos, perdas de relacionamentos que deixam as pessoas "na fossa" ou mesmo um estado de tristeza pela presença de muitas coisas difíceis e poucas coisas agradáveis, na vida de uma pessoa.
Todo sofrimento merece atenção, mas apenas problemas com certas características devem ser tratados com medicação. Assim, certas situações podem ser abordadas com uma psicoterapia, na qual você exporá seus sofrimentos e procurará soluções para eles, junto com o profissional. Por outro lado, quadros prolongados, com semanas, meses ou mesmo anos de duração, nos quais a pessoa perde o prazer na maioria das coisas da vida, tem problemas de sono e apetite (falta ou excesso), diminuição do desejo sexual, grande presença de pensamentos tristes; dificuldades de concentração, devem ser tratados com remédios.
As medicações usadas na depressão são, em geral, bastante seguras e não causam dependência. A maioria das pessoas melhora no prazo de semanas a meses. Nos casos mais sérios, existem medicações mais potentes e o tratamento pode ser mais prolongado mas, em quase todas as pessoas é possível conseguir um controle ou, pelo menos, uma grande melhora.
Quando não é tratada, a depressão pode ter consequências graves, que vão desde a simples diminuição da qualidade de vida até a perdas profissionais, financeiras, familiares, aumento do risco de ter doenças ou mesmo de morte prematura.
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Possivelmente, o fato de você ter ansiedade e depressão não ajudam, ou seja, é possível que elas predisponham você a ter outros problemas emocionais/psiquiátricos. Porém, só o fato de usar maconha e álcool pode propiciar que você apresente crises de pânico e sintomas psicóticos: a maconha é uma droga de efeitos mistos, sedativos e estimulantes, liberadores de emoções, aumento de apetite e, também, tem um pequeno potencial psicogênico (ou seja, de causar alterações psicóticas). Sabidamente, ela pode desencadear surtos psicóticos em pessoas mais predispostas. As crises de pânico são bem descritas com a maconha e, sobretudo, com o aumento da concentração de THC que ocorreu nos últimos 30 anos (de 2 a 3% para cerca de 12%) na erva, estes riscos são maiores. Por outro lado, se você fizer um acompanhamento do sono após a ingestão de bebidas, através de uma polissonografia, veria que o álcool, apesar de poder dar a impressão de auxiliar no sono, leva a um sono de qualidade muito pior.
Maconha e álcool não são bons calmantes nem medicações para dormir, justamente por causa dos efeitos colaterais possíveis.
Você deveria procurar um psiquiatra, de preferência quem tenha experiência com drogas, e conversar sobre os prós e contras dos efeitos do álcool e da maconha, em seu caso. Do ponto de vista médico é um direito seu usar, porém seria interessante você conhecer de forma clara as consequências para seu organismo e verificar se existem opções mais convenientes para você lidar com sua ansiedade, depressão e insônia.
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A ansiedade é um fenômeno normal que nos prepara para enfrentar um perigo ou fugir dele. Entretanto, em alguns casos, ela se torna exagerada e acaba dificultando este processo, ao invés de facilitá-lo.
 
Para seu cérebro, a prova representa o perigo - equivalente, na natureza, à opção de fugir ou enfrentar o leão. Entretanto, neste caso, ao optar por enfrentar o leão e por este ser, potencialmente, perigoso (o que seria não conseguir vencer a luta - no caso, passar na prova), o nível de ansiedade assume proporções enormes, possivelmente porque algumas pessoas são mais predispostas a ter estas reações exageradas. E estados de ansiedade podem envolver dores (devidas à tensão muscular), sensação de angústia ou medo e dificuldades de concentração.
 
Em geral, este problema pode ser tratado com excelentes resultados com terapia comportamental ou comportamental-cognitiva.
 
Existem alguns remédios (principalmente os inibidores de recaptação de serotonina) que podem ser úteis mas, geralmente, a terapia comportamental é suficiente.
 
Não se deve fazer uso, em geral, de tranquilizantes benzodiazepínicos (aqueles vendidos em embalagens com faixa preta) pois, apesar de acalmarem, dificultam que a pessoa aprenda a lidar com estes problemas e, além disto, podem prejudicar a memória e diminuir mais a sua capacidade de se preparar para as provas.
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Seu conceito de "mania de perseguição" poderia ter algumas origens diferentes:
 
1. Um verdadeiro delírio de perseguição.
 
A pessoa, como você descreve, tem a vivência de que os outros falam dela e que, eventualmente, conspiram contra ela. Outro delírio possível é o de estar sendo traída pelo(a) companheiro(a).
 
Entretanto, neste tipo de delírio a pessoa não costuma apresentar crítica o que, na linguagem técnica significa que a pessoa delira, mas acredita piamente que aquilo é verdade e jamais diria de si mesma que poderia estar delirando.
 
Uma alternativa seria que, em alguns casos como, por exemplo, quando a pessoa usa alguns tipos de drogas, como a própria maconha, ela pode ter este tipo de vivência, quando está intoxicada e, quando está sóbria, perceber que esteve delirando.
 
2. Ciúmes patológicos.
 
Trata-se de pessoas exageradamente ciumentas, em sua relação e para as quais quaisquer atitudes do(a) parceiro(a) são vistas com suspeita e interpretadas como uma possível traição. Entretanto, nestes casos, a pessoa não costuma apresentar outros tipos de alterações como, por exemplo, as que você diz, de achar que outros estão falando de você.
 
3. Fobia social
 
Trata-se de um quadro de timidez exagerada em que, por vezes, as pessoas acreditam que outras pessoas olham para elas e percebem seus erros, gafes e comportamentos e que as ficam criticando. Eventualmente, por sentir-se, muitas vezes, inferior, seria possível que a pessoa tivesse uma tendência a achar que o cônjuge fosse traí-la.
 
Em qualquer destes casos, é muito importante procurar um psiquiatra, pois todos eles podem ser tratados, seja através de terapia comportamental, seja através de remédios.
 
Além disto, o psiquiatra, eventualmente, solicitará alguns exames pois, em alguns casos diferentes do habitual, como parece ser o seu, a causa pode estar, também, em alguma doença física que esteja afetando seu cérebro.
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Você está enfrentando uma série de problemas, em sua vida. Quando isto ocorre, geralmente as pessoas se sentem mal, desanimadas, ansiosas e tristes.
Este tipo de situação pode melhorar sem nenhuma intervenção profissional ou pode ser abordada numa psicoterapia, com um psiquiatra psicoterapeuta ou um psicólogo clínico.
Entretanto, algumas pessoas podem desenvolver um problema de depressão ou de ansiedade generalizada, que precisam de um tratamento médico.
Assim, o ideal seria você consultar um psiquiatra e verificar se tem depressão, ansiedade generalizada ou apenas se trata de uma fase difícil de sua vida, na qual você está encontrando problemas difíceis de vencer. O psiquiatra poderá dar medicações, se for necessário ou encaminhá-lo para uma psicoterapia, onde você possa discutir seus problemas e encontrar soluções que resolvam ou, pelo menos, diminuam seu sofrimento.