Psiquiatria - Perguntas respondidas
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A descrição que você dá sugere um quadro de ansiedade. O aumento da ansiedade, à medida que a pessoa se afasta de ambientes com os quais está acostumado, geralmente é sintoma de quadros chamados de "fobia". Fobias nada mais são do que medos ou ansiedades exageradas ou irracionais. Assim, é normal as pessoas se sentirem mais seguras próximas às suas casas, onde conhecem o ambiente, as pessoas e onde podem refugiar-se rapidamente, caso tenham algum problema. Este comportamento é observado também em animais, inclusive em peixes. Entretanto, a pessoa com fobia tem estas reações de modo exagerado, de modo que sente muito medo ou ansiedade, quando longe de casa. E suar frio e vontade de ir banheiro fazem parte da reação ansiosa, assim como a dor de barriga. Por vezes, os medos exagerados e fobias aparecem no contexto de depressões ou outros quadros ansiosos. Nestes casos, frequentemente há necessidade de tratamento medicamentoso. Outras vezes, as fobias aparecem isoladas (ou seja, a pessoa "só" tem a fobia). Nestes casos, o tratamento com terapia cognitivo-comportamental, sem medicações, é a primeira opção e, com a colaboração do paciente, tem resultados excelentes.
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Sair andando desesperada pela rodovia não caracteriza nenhuma doença específica. Pode ser uma reação de esquiva a alguma situação difícil pela qual você esteja passando, ou sinal de um transtorno ansioso, aliviado por movimentação intensa. Pessoas em surtos psicóticos ou crises de mania do transtorno bipolar também, por vezes, movimentam-se excessivamente e saem vagando pelas ruas. Da mesma forma, a dificuldade em dormir pode ser sinal de situação de vida pela qual está passando ou de ansiedade, surto psicótico, fase de mania ou depressão.
 
Em vista do grau de sofrimento e riscos, você deve o mais rápido possível procurar um atendimento psiquiátrico, mesmo que seja, inicialmente, num pronto socorro ou ambulatório de pronto atendimento.
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Este tipo de sintomas pode ter muitas origens. Pode ser uma reação normal a uma fase difícil pela qual esteja passando, assim como sintomas de depressão ou transtornos ansiosos. Aliás, depressão e ansiedade frequentemente andam juntas. Algumas doenças clínicas também podem levar ao aparecimento de sintomas depressivos como, por exemplo, o hipotireoidismo.
 
Você deve procurar um psiquiatra, pessoalmente, para fazer seu diagnóstico.
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Adolescentes e pré-adolescentes frequentemente apresentam problemas comportamentais, dado que é uma idade de transição, na qual aos poucos substituem os direitos e deveres de crianças por aqueles dos adultos. Assim, até certo ponto, é normal encontrar comportamentos rebeldes e desafiadores. Quanto a não gostar de estudar, é um problema que pode ter muitas origens: depende de fatores educacionais, familiares, do grupo em que convive, da capacidade intelectual de cada um e mesmo da capacidade da escola ensinar. Há muitos motivos para não se querer ir à escola: ter coisas mais estimulantes para fazer como, por exemplo, ficar com colegas "matando aulas" ou estar com dificuldades de aprendizado, que podem desestimular a pessoa a frequentar as aulas. Um motivo que nem sempre é abordado é a possibilidade de "bullying", de a criança estar sendo vítima de gozações e agressões que a deixam amedrontada e sobre as quais nem sempre se sente à vontade para falar com os pais. A agitação pode ser decorrente de ansiedade, depressão, transtorno de déficit de atenção-hiperatividade ou mesmo ser reação da criança a fatores ambientais.
Não é fácil falar com adolescentes sobre seus problemas, frequentemente a dificuldade deles em falar também pode ter várias origens, desde dificuldades em lidar com as próprias emoções, vergonha ou medo. Se os pais se relacionam com a criança através de muitas broncas, isto também pode desestimular que ela fale sobre seus problemas. Isto não significa, de forma alguma, que os pais devem aceitar tudo o que a criança faz. Mas há os jeitos certos de dar as broncas e no momento certo. Também é importante que os pais acompanhem o comportamento da criança no dia-a-dia, saibam quem são os amigos, os pais dos amigos, que dificuldades ela enfrenta. Não adianta só conferir as notas bimestrais ou se "passou" de ano.
Quanto a tomar imipramina, trata-se de uma medicação usada principalmente em depressão, ansiedade e, por vezes, como alternativa no transtorno de déficit de atenção. De modo geral, não costuma ser uma primeira linha de tratamento.
Além de levar a criança a um psiquiatra, caso ainda não esteja frequentando (e de pedir esclarecimentos ao psiquiatra, caso ela já esteja), é importante que os pais procurem uma orientação com psicóloga ou pedagoga com experiência em crianças. Estas profissionais serão muito úteis em combinar, com os pais, estratégias que os ajudem a melhorar os comportamentos da criança.
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Primeiramente, você deve explorar, com um bom clínico, se existe algum motivo físico para ter engasgado e para sua dificuldade de comer alimentos sólidos. Talvez você já tenha feito isto, mas muitas vezes nós, psiquiatras, recebemos pessoas com quadros aparentemente psicológicos, mas que se revelam como problemas de ordem física. Se forem excluídas causas físicas, é possível, sim, que tenha desenvolvido um quadro de fobia. Fobias são medos irracionais ou excessivos: pode haver fobias de altura, de lugares fechados, de falar em público e há casos, também, em que a pessoa tem medos como os que descreve. Com a colaboração do paciente, as fobias podem ser bem tratadas e frequentemente nem requerem o uso de medicações, mas sim de técnicas cognitivo-comportamentais.